Blogueiro: Luiz Horacio (Zacio) Geribello

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ampliar as instalações e o acesso ao Esporte

Fotos de atividades esportivas em High Schools americanas (2 o. grau)


Esta não é uma crítica, mas um incentivo, um exemplo de como há campos enormes para que as condições do esporte em geral melhorem no Brasil, especialmente nas escolas brasileiras.

Vocês poderiam pensar que essas imagens fazem parte de alguma Olimpíada Estudantil ou campeonato importante, que é um dia de exceção, muito especial, ou que acontece apenas nas melhores escolas americanas, nas grandes cidades, mas não é. Isto é o que ocorre todo dia, são os lugares em que os jovens americanos fazem Educação Física, todo santo dia, as competições internas e interescolares que se sucedem o ano todo, todos os anos, e que mobilizam toda a escola, às vezes também suas famílias e toda a comunidade.
Há mais de 30, 40 anos que as escolas americanas são assim.

Estudei em uma cidadezinha com menos de 20 mil habitantes que tinha, entre escolas de Ensino Fundamental e Médio, umas 10 escolas com instalações desse nível: ginásios cobertos, piso de madeira, placar eletrônico, tabelas de vidro, arquibancadas retráteis, piscinas aquecidas e cobertas, equipamento para ginástica olímpica e diversos esportes, musculação, etc. Em todas as escolas! Particulares? Não, a maioria é de escolas públicas! É como se fosse mais uma sala de aula, estão DENTRO do prédio. Você abre uma porta e aparece um baita ginásio, uma baita piscina. Na verdade, essas instalações são divididas por um plano padrão para cada nível escolar, a Elementary, Junior High e High School, correspondendo mais ou menos às divisões brasileiras, e as modalidades de Educação Física vão-se somando aos poucos (escolas separadas). A qualidade, porém, (o nível do acesso e das instalações, tem o mesmo alto padrão). Mas na enorme área externa reservada a todas as escolas também há diversos campos, para os mais variados esportes. E têm vestiários completos, super-equipados, armários, etc. Parece até coisa de cinema, mas é a realidade. Será que nós não poderíamos fazer apenas um pouquinho disso? Dar os primeiros passos?
Aqui no Brasil dificilmente se encontraria uma universidade ou cidade com as instalações que tem em cada uma das escolas americanas, mesmo nas cidadezinhas do interior. Realmente, temos algo a aprender com o que eles fizeram por lá.

Vocês poderiam dizer, bem, mas é só para os atletas, só para "os bons". Não, todo mundo pode participar de todos os treinos de todos os times da escola, em suas categorias de idade, feminino, masculino ou misto. E isso é incentivado por todos, todo mundo é "bom", ninguém é deixado de fora, não há barreiras. Apenas na hora da competição é que logicamente entram em campo os que estão mais preparados. Mas isso explica, por exemplo, porque é que nos EUA existem tantos atletas em igualdade de condições, e um grande número deles poderia representar o país em competições de alto nível.


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O Conhecimento Esportivo



Na primeira foto está o americano Christian Cantwell, atual campeão mundial de 2009 em Berlim, com 22,02 m, e medalha de prata em Pequim. Na segunda foto está o polonês Thomasz Majewski, campeão olímpico que fez um arremesso de 21,51 m, ganhando a primeira medalha de ouro daqueles jogos, no atletismo. A "bolinha" que arremessam tem 12 cm de diâmetro, é feita de bronze, ferro e chumbo, e pesa 7,26 kg. Essa modalidade está presente nas Olimpíadas desde os primeiros jogos da era moderna, que foram disputados em Atenas, 1896. Foi inventada pelos escoceses, que praticavam um arremesso muito parecido, nos Highland Games (A terra do "Highlander", no nordeste da Escócia, onde existe também a famosa lenda do "monstro do Lago Ness"). O recorde mundial é considerado "antigo", desde 1990, e foi batido por Randy Barnes, um americano campeão olímpico em Atlanta, que pesava 137 kg e tinha 1,93 m de altura, e fez um arremesso de 23,12 m. Mas há uma nota muito triste sobre ele. Foi pego no exame anti-doping duas vezes, por uso de esteróides-anabolizantes, e não pôde mais participar de competições oficiais. O doping é um fantasma que está sempre rondando o esporte, e tem de ser evitado a qualquer custo pelos atletas. O caso mais famoso de doping foi o de Ben Johnson, um canadense recordista mundial dos 100 m rasos - prova que aponta a mulher e o homem mais velozes do mundo, que foi desclassificado em Seul e perdeu a medalha de ouro para Carl Lewis, o vencedor "dentro das regras" (Fonte: Wikipedia).

Se você conseguir arremessar a 23,13 m, será o novo recordista mundial. Pratiquei esse esporte olímpico na escola, e nunca passei dos 10 e pouquinho, aos 15 anos de idade., quando o peso é de 5 kg. Mas foi muito bom para mim. Além de conhecer os programas de treinamento americanos (estava num intercâmbio de estudantes nos EUA), e a seriedade com que é encarado o esporte e a competição, mesmo na escola, consegui curar um problema que tinha nos ombros, que inflamavam e destroncavam com facilidade. O campeão da pequena cidade onde morei, Farmington, na grande Detroit, era Mark Brozek, um "adolescente" de 15 anos com cara de 20, quase 2 m de altura, tão forte quanto um armário, e pivô do time de basquete, que arremessava a mais de 12 m. Coisa de país "vitaminado" e de grande tradição esportiva.

NOTA: Hoje esse esporte também é praticado no feminino, e disputa medalha nos campeonatos de atletismo e nas Olimpíadas, com um peso um pouco menor e de 4 kg. A recordista mundial é a russa Natalya Lisovskaya, com um arremesso de 22,63 m.


Este é um campo bastante amplo que se abre, se um país se decidir a explorá-lo a partir da colaboração de vários setores. Vai desde a Filosofia do Esporte até o conhecimento das competições em si. O Brasil, por exemplo, tem um domínio excelente do conhecimento sobre o futebol, isto é lugar comum. Seus atletas se preparam desde criança, conversam com psicólogos e treinadores, preparam não apenas o corpo, mas também a mente, e tentam ainda cuidar de seu futuro, pois a carreira de futebolista não é tão longa quanto as profissões mais comuns. Contudo, o Brasil detém um conhecimento muito limitado do esporte olímpico, isto é, do esporte em geral. A formação esportiva é muito importante para se aprender a jogar, e a vida é um jogo. Isto vale tanto para os esportistas em ação, quanto para as torcidas. Se estas não conseguem ou não querem se comportar, isto é um sintoma de que há problemas mais graves e mais profundos na base da sociedade, ou talvez nas bases da Educação, da formação dos cidadãos, e que precisam ser corrigidos. Mas o esperado é que todos saibam se comportar de acordo com os regulamentos, de acordo com as regras do jogo, dentro ou fora de campo. Isto é que leva à maturidade tanto no esporte quanto na vida. E os faltosos estarão sujeitos às penalidades do juiz. Este é o jogo. Mas cuidemos do conhecimento esportivo, em si, da preparação para as competições.

Em foco, um esporte olímpico pouco conhecido, mas muito antigo, e que envolve uma preparação tão séria e completa quanto qualquer outra modalidade, apenas para servir de ilustração para esta matéria: o arremesso de peso.
O Brasil, se determinado e decidido a realmente tornar-se uma país olímpico, e não apenas por ocasião, "da boca pra fora", "fogo de palha", como se diz no interior, precisa ter um bom nível de projeção de seus atletas, mesmo nos esportes que não são praticados de forma massiva pela população. Deveríamos passar a saber, por exemplo, quem são os grandes arremessadores de peso do Brasil. Deveria haver diversas competições, estímulos, prêmios, divulgação, para que aumentassem o número de praticantes e de competidores, fazendo crescer também o número de atletas que treinam nessa modalidade, e o número de técnicos e centros de treinamento que convoquem os potenciais "campeões", para o treinamento intensivo do esporte de alto nível. A partir de determinado nível de competição, o patrocínio, os prêmios e a divulgação deveriam ser práticas constantes.

Assim, todo brasileiro que gosta de esportes e gosta de se informar sobre eles, saberia quais são os grandes arremessadores de peso, quais são as principais competições, em que canal pode assistir a esses jogos, como fica sabendo, e passará a ter também seus favoritos, entre os atletas que disputam essa competição.
Este seria um enorme apoio para o esporte em qualquer modalidade, e é essencial para a construção de um país olímpico.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A vida esportiva aumenta a riqueza (PIB) do país


O Dream Team original que jogou nas Olimpíadas de Barcelona em 1992, e a Seleção Brasileira tricampeã no México em 1970 são considerados os dois melhores times de todos os tempos, em qualquer esporte. O esporte americano já era um enorme gerador de riquezas econômicas, e o esporte brasileiro também poderia seguir o mesmo caminho.

Tudo que um país produz durante um ano, a população inteira trabalhando, todas as empresas, a todos esses produtos e serviços os economistas chamam de "riqueza" produzida, e tem um nome: é o famoso PIB, uma sigla para o Produto Interno Bruto, geralmente o de um ano (PIB de 1998, de 2005, etc.). Ficam fora disso os pequenos trabalhos caseiros e artesanatos, que se estima (calcula) à parte, e se chama de economia informal (bolos para festas, pequenas costuras, pequenos "bicos", etc.), mas a não ser em períodos muito especiais, em grandes crises ou transições de épocas, não alteram muito o valor total do PIB, a produção da "economia formal".

Quando a atividade esportiva se desenvolve bastante, e passa a ser praticada intensamente e de modo organizado, com patrocínio, premiação e divulgação pela mídia, o que acontece? Todos esses jogos, campeonatos e informações que surgem passam a reprentar valor de troca no mercado, por exemplo, patrocínio de roupas esportivas, turismo para assistir eventos esportivos, apoio cultural de grandes empresas, e a própria transmissão e publicação do jornalismo esportivo, quer dizer, onde antes não havia nada, passa a haver riqueza.

Para que entendam melhor esse fenômeno, vamos citar alguns exemplos: a Liga Nacional de Basquete americano, a multimilionária NBA, em que hoje atuam alguns brasileiros, como o Nenê, aqui de minha cidade, que joga no Denver Nuggets
. Os campeonatos da NBA (National Basketball Association) nos Estados Unidos giram provavelmente bilhões de dólares todos os anos, pagam muitíssimo bem aos atletas, um salário de sonho para os esportistas brasileiros, semelhante aos grandes craques internacionais de futebol, mas o caso é que na NBA a "riqueza" é até mais antiga, eles organizaram muito bem as Ligas locais, regionais e estudantis de basquete, para que novos valores continuem chegando aos times principais todos os anos. Quer dizer, jogar bem alguma coisa pode gerar muito dinheiro para a economia de um país. Mas há também o caso da NASCAR, a série de automobilismo americano, ou as ligas de fubebol americano, também milionárias - e os times dão lucro, são comprados e vendidos quase como empresas. Mas há vários outros exemplos de sucesso e riqueza conseguidas a partir do esporte, como os grandes campeonatos europeus de futebol.

Isto significa que o Brasil deveria investir mais nos esportes, mesmo dentro das escolas, no período normal de aulas, nos campeonatos estudantis, mirins, juvenis, etc. Com isso, o país certamente passaria a gerar mais riqueza, passaria a movimentar mais investimentos, patrocínios, salários, haveria mais canais e publicações sobre esporte, e o Brasil se desenvolveria mais.

Nos Estados Unidos, mesmo atletas olímpicos têm patrocínios muito bons, quer dizer, as Olimpíadas e os esportes olímpicos também podem gerar mais PIB para o Brasil.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A beleza do trabalho voluntário


Persiste ainda um pouco do espírito diletante das Olimpíadas, de generosidade e amor pelo evento, pelo esporte, pela cidade que quer fazer bonito nos jogos, no trabalho dos voluntários, desde jovens estudantes até pessoas já bastante idosas. Mas não o amadorismo. Um rigoroso programa de seleção e treinamento precede os jogos, para que durante o período olímpico nada de errado ocorra com a organização, e para que haja um número mínimo de imprevistos, fazendo com que a organização possa dar uma solução adequada e imediata a estes também.

Em Pequim foram 100 mil voluntários, mais de um milhão de candidatos, cerca de 70 mil cuidando dos jogos principais, e 30 mil cuidando das Paraolimpíadas. Segundo as informações da página da embaixada chinesa no Brasil, houve ainda 400 mil voluntários trabalhando na cidade de Pequim, em 550 estações de atendimento aos turistas. Impressionante, hein?

A fase de preparação

Copenhagen, capital da Dinamarca, onde o Brasil foi escolhido como sede das Olimpíadas de 2016, é conhecida como a "cidade das bicicletas". Em um dia comum, mais da metade da cidade poderá ir para o trabalho pedalando. Se não tiver a sua, há postos repletos de bicicletas em toda a cidade, e você pode pegar qualquer uma depositando uma simples moeda. Na Dinamarca, um país de área pequena se comparado ao Brasil, estão em operação mais de 10.000 km de ciclovias.
Brasil País Olímpico

Divulgação, Transmissão e Premiação a qualquer tempo. O sucesso de um grande projeto olímpico brasileiro depende não apenas de uma preparação específica para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, mas depende também da implantação de uma nova filosofia do esporte no país. A estrutura, o nível, a intensidade e o apoio que o esporte tem no Brasil, precisam desenvolver-se em novos projetos integrados, novos programas de treinamento, competições e premiação, lógico, estes são os incentivos principais para o esportista, no mundo contemporâneo. E não apenas isso, mas também ser divulgado, conhecido e reconhecido, quer dizer, as formas de cobertura da mídia também precisam mudar. Os horários, as alternativas de programação, talvez até novos canais de transmissão e informação específica sobre o mundo do esporte, e não mais apenas alguns eventos localizados. É uma grande oportunidade que se abre para o país. Para a renovação, atualização e aperfeiçoamento de seus sistemas, de sua cultura e da sociedade brasileira. Um novo plano de integração entre veículos da mídia e patrocinadores pode ser posto em prática, nessas bases. Uma nova economia poderá surgir das práticas esportivas ampliadas de modo permanente no Brasil.

Este blog irá procurar desenvolver uma linha de análises e de informações sobre esse grande evento, e sobre todo o período que o precede, contando os dias, semanas e meses, até a Cerimônia de Abertura, daqui a 7 anos. Não se iludam, esse tempo passa rapidamente, e precisa ser muito bem aproveitado, cada segundo dele.